A verdadeira história da devoção à Santa Teresinha do Menino Jesus em Jardinópolis
Por Luiz Francisco Lé de Castro
No dia 1.º de outubro, a Igreja Católica recorda a memória de Santa Teresinha do Menino Jesus, uma das devoções mais populares e queridas entre os católicos, que se referem à religiosa francesa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face (nascida Marie-Françoise Thérèse Martin) no seu diminutivo Teresinha.
Embora tão presente no devocionário e a "maior entre os santos modernos" (Papa Pio XI), muitos não conhecem a sua significativa trajetória terrena de apenas 24 anos e como, curiosamente, dois anos após a sua canonização uma imagem de Santa Teresinha do Menino Jesus já fazia parte da realidade religiosa de Jardinópolis.
Filha de Louis Martin e de Azélie-Marie Guérin (Luiz Martin e Zélia Guérin) – o primeiro casal a ser canonizado na mesma cerimônia –, Teresa nasceu em Alençon, no noroeste da França, no dia 2 de janeiro de 1873, e viveu toda a sua vida religiosa em Lisieux, cidade da mesma região, dos 15 anos de idade até a sua morte aos 24, em 30 de setembro de 1897.
Por sua devoção ao Menino Jesus, quando ingressou na Ordem das Carmelitas Descalças, após assim ser permitido pelo Papa Leão XIII em razão de sua pouca idade, Teresa recebeu o nome de Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Foram quase nove anos de uma vida religiosa de total entrega e dependência de Deus, com a herança de uma espiritualidade de "fazer-se pequeno" diante Dele.
Um ano após sua morte, manuscritos da Irmã Teresa foram organizados e publicados em uma espécie de autobiografia chamada História de uma alma. Em 1906, o livro já havia sido traduzido para seis idiomas, entre eles o português, o que fez a história e a fama de santidade da religiosa de Lisieux se espalharem por todo o mundo. Frases escritas por ela como a de que depois de sua morte, faria cair do Céu uma chuva de rosas e que queria passar o Céu, a fazer bem sobre a terra a tornaram popular entre os católicos que a ela passaram a se acorrer.
O reconhecimento pela Igreja Católica veio, oficialmente, nos anos 20. Em 1923, a Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face foi beatificada e, em 17 de maio de 1925, declarada Santa pelo Papa Pio XI.
A primeira imagem de Santa Teresinha do Menino Jesus que se tem notícia que fora destinada à veneração em Jardinópolis foi doada à Paróquia Nossa Senhora Aparecida pelo então Diretor do Grupo Escolar, Lucas de Lima, e sua esposa Delminda Ruas de Lima em 28 de julho de 1927. O casal, devoto da Santa, também daria o nome de Terezinha de Jesus a uma filha.
O ano de 1927 foi um dos mais implacáveis na oposição feita pelo Vigário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida à Festa do Senhor Bom Jesus da Lapa realizada por d. Pequena do Nascimento. Naquela ocasião, decidiu o Padre criar uma festa concorrente à da Lapa e nela, além do Senhor Bom Jesus, inserir Santa Teresinha entre os Santos venerados. O detalhe é que a Festa se realizaria nos mesmos dias da de d. Pequena do Nascimento, de 28 de julho a 6 de agosto.
Em março de 1929, d. Pequena do Nascimento, fundadora da Festa do Senhor Bom Jesus da Lapa, também entronizou uma imagem de Santa Teresinha em sua Capela e fez com que – dali em diante – ela fosse carregada na sua tradicional procissão de 6 de agosto.
A imagem doada por Delminda e Lucas de Lima e utilizada nas Festas do Vigário durante a sua oposição à da Lapa está, hoje, na Capela de Santa Luzia.
Em Jardinópolis, existe, também, uma rádio sob a proteção de Santa Teresinha do Menino Jesus. Trata-se da Rádio Comunitária 104,9 FM, idealizada, no início dos anos 90, pela Irmã Zélia Maria Pereira, co-fundadora da Comunidade Missionária Providência Santíssima (naquela época Comunidade Missionária Nova Jerusalém), à qual a rádio pertence.
No bairro Vila Olímpica (Rua Idelmo Scaloppi n.º 95) há uma Comunidade pertencente à Paróquia Nossa Senhora de Fátima dedicada à Santa Teresinha do Menino Jesus, semente de uma Capela a ser erguida em sua devoção.
São 94 anos desde a canonização de Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões, e 92 deles entre as devoções dos jardinopolenses - desde daqueles que viveram os anos da chegada de sua imagem e as primeiras festas, até os que hoje são ouvintes da Rádio ou frequentam a Comunidade que a tem como padroeira. Pode-se dizer que Ela, além de tudo o que representa para os católicos, é um patrimônio da nossa história.
Foto de Capa: detalhe da obra de Raúl Berzosa (2016).
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