Pesquisa levantou dados de mobilidade e sequência de casos confirmados. Professor do departamento de computação elenca importância socioeconômica e diz que cidade precisa aumentar nível de atenção
Um estudo matemático desenvolvido por pesquisadores do departamento de computação da Universidade de Ouro Preto (UFOP) aponta que Ribeirão Preto (SP) é o terceiro município no estado de São Paulo em propagação do novo coronavírus.
A pesquisa, em parceria com a Unesp e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), usou dados das redes de mobilidade terrestre de 623 cidades paulistas e os casos confirmados da Covid-19 na sequência em que foram documentados até 1º de maio, para analisar as principais rotas de dispersão da doença.
Com base nesses levantamentos, foi possível montar um sistema em que os municípios são representados em forma de rede. A partir disso, os pesquisadores calcularam as métricas dessa rede, como explica o professor do departamento de computação da UFOP e um dos coordenadores da pesquisa, Vander Freitas.
"A gente pegou cada um desses ordenamentos e comparou com a lista na ordem em que o primeiro caso foi documentado. O que a gente observou foi que algumas cidades, por terem maior fluxo de pessoas e serem mais conectadas com outras, têm maior vulnerabilidade estrutural na rede. O primeiro passo foi elencar as cidades nessa vulnerabilidade", diz.
A pesquisa montou um ranking dos municípios considerados os “maiores propagadores” do novo coronavírus. No estado de São Paulo, a capital paulista está na primeira colocação, seguida de Campinas (SP) e Ribeirão Preto em terceiro lugar.
De acordo com Freitas, uma das explicações para as cidades que figuram nas primeiras colocações do ranking está relacionada à importância socioeconômica. Além das fábricas e indústrias, a localização, os atrativos e a facilidade de acesso faz com que esses municípios se tornem um polo de circulação da Covid-19.
"Essas cidades que tem maior fluxo de pessoas, têm uma situação de vulnerabilidade maior, mas a gente percebeu que no fim de abril, as cidades com fluxos menores também passaram a ser importantes. É uma evidência do processo de interiorização da doença. Cidades como Ribeirão, que tem essa grande mobilidade, serve como uma ponte para propagar o vírus e receber o vírus", explica.
Para o pesquisador, o mapeamento é importante para planejar os próximos passos nos municípios. Disse ainda que a pesquisa vai continuar para analisar também dados fluviais da região norte do país.
"Esse artigo, ele é interessante para observar o que aconteceu no passado da propagação do vírus, mas também pensando no futuro. Como Ribeirão Preto figura entre as principais cidades, é preciso redobrar a atenção, porque existe a possibilidade de novas ondas de propagação", diz Freitas.
O boletim epidemiológico desta quarta-feira (3) mostra que Ribeirão Preto tem 1.325 casos da Covid-19 e contabiliza 29 mortes provocadas por complicações da doença. O índice de letalidade no município é de 2,9%.
Segundo a Prefeitura, dos 121 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para tratar pacientes com coronavírus, 60 estão ocupados, o que representa uma taxa de 49%. Na enfermaria, o índice é de 48,4%, com 91 pacientes assistidos das 188 vagas disponíveis.
Fonte: Reprodução G1/EPTV
Foto capa: Fábio Júnior/EPTV
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