A morte do negro norte-americano George Floyd foi o estopim para manifestações em diversas partes do mundo, capaz de unir pessoas de diferentes classes e etnias na luta contra o racismo e na defesa da democracia.
O momento, já considerado histórico por pesquisadores e analistas sociais, surge como impulso à causa dos movimentos antirracista e antifascista, que consideram insustentáveis a crescente violência e desigualdade entre os grupos minoritários.
Ao longo da história, não são poucos os exemplos de casos semelhantes ao ocorrido com George Floyd.
Em 2014, outro negro foi morto pela polícia de Nova Iorque. Eric Garner tinha 43 anos e, da mesma forma que Floyd, foi asfixiado até a morte em uma batida policial.
Garner repetiu onze vezes as palavras "Não consigo respirar", gerando uma grande revolta entre a população negra americana e fortalecendo o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), que já tinha pelo menos dois anos de existência.
O Brasil também tem seus casos de mortes trágicas envolvendo a população negra.
A morte do menino João Pedro no Rio de Janeiro é o caso mais recente que houve repercussão, inclusive internacional. O estudante de 14 anos foi morto a tiros dentro das sua própria casa durante operação policial.
Alguns dados estatísticos do Brasil mostram que os negros são 2,5 vezes mais afetados por homicídios; 61% das vítimas de feminicídio; 60% dos jovens que cometem suicídio; e 62% mais vulneráveis à morte por covid-19.
A população negra ocupa somente 5% dos cargos de liderança das maiores empresas do país, 18% dos magistrados, 4% dos parlamentares, 16% dos professores universitários e 10% dos autores publicados por grandes editoras.
Esses dados significam que gerações de talentos e potências estão sendo perdidas para o racismo. O que sobra de corpos tombados pelo caminho, falta nas principais esferas de decisão e produção de saberes.
O movimento antirracista precisa mesmo de visibilidade e todo o apoio e a repercussão dos últimos dias é importante. Mas não basta uma onda de ostentação vazia que logo passará.
Não se trata de um posicionamento sobre o racismo através de pessoas brancas, mas a luta antirracista deve ser de todos.
Como bem explicou a escritora e ativista norte-americana Angela Davis: "Em uma sociedade racista, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista"...
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